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CriadoMudo
segunda-feira, abril 14, 2003
Quer saber?! Eu, definitivamente, não consigo (!!!) detestar pessoas. Posso ter minhas pendengas, olhar com desdém, mas não desgosto das pessoas com quem já me relacionei de um modo qualquer.
Existe muita gente besta a solta e, p*!, haja paciência para que meu pavio - que já não é dos mais longos - dure um pouco mais.
Quem nunca pisou na bola? Ah, dá um tempo! Cobrar é muito fácil ... quero ver dar-se, doar-se. E minha consciência está tranqüila em relação a isso. Estar disponível é diferente de ser disponível 24h/dia. Julgava amigos (ou bons amantes) os que viviam por mim, estavam por perto em todas as horas mais 'graves' (quem, além de nós, sabe a real medida da gravidade? Ninguém é obrigado a saber, oras!) mas a gente cresce, né mesmo? Já disse uma vez: peço desculpas quando conveniente e percebo um espaço para o fazer.
Fruit Dish on Beach - Dali
"Tínhamos discussões intermináveis. Eu lhe mostrava meus textos e ele dizia: tu não tens fôlego, meu chapa, tudo acaba muito depressa, tu não desenvolve o personagem, o personagem fica por aí vagando, não tem espessura, não é real. Mas é só isso mesmo que eu quero dizer, não quero contornos, não quero esspessura, quero o cara leve, conciso, apressado de si mesmo, livre de dados pessoais, o cara flutua, sim, mas é vivo, mais vivo do que se ficasse preso por palavras, por atos, ele flutua livre, entende? Não. E ajeitava os óculos, não e não. Achei conveniente não lhe mostrar mais os textos. Ele me encontrava e insistia: hof hof hof, fôlego, meu chapa, fôlego, espanta as nuvenzinhas flutuantes, dá corpo às tuas carcaças, afunda os pés no chão. Eu implorava: pára com isso, pára, um dia quem sabe tu entendes. Não entendeu. Na frente de amigos, de minha mulher, de meus filhos ele começava: hof hof hof fôlego, meu chapa. Um dia fomos à praia. Entre uma caipirinha e outra propus-lhe nadar até a ilha. Disse um sim chocho mas topou. No meio da travessia, enquanto ele se afogava, eu aperfeiçoava a minha butterfly , e meu ritmo era rápido, harmonioso, cheio de vigor. Gritei-lhe antes de vê-lo desaparecer: fôlego é isso, negão. Estou em paz. E dedico-lhe este meu breve texto, leve, conciso, apressado de si mesmo, livre de dados pessoais, muito mais vivo do que ele morto."
(H. Hilst - ... do "Cartas de um Sedutor")
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