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CriadoMudo
terça-feira, abril 01, 2003
A tempestade faz voltar todas as expectativas não cumpridas, o desejo de que se cumpram, faz pensar na canalhice alheia, na canalhice minha - é verdade, sim, apesar de eu jamais falar às claras sobre o assunto: não, não falo e é direito meu! – nas possibilidades para que ‘n’ desejos não tenham sido concretizados... e aí, começa tudo de novo:
"É assim que ficaremos até que consiga tirar de nós aquela delicadeza, ainda que direcionada a outras questões, para ouvir de você o que há, o que houve; vc me entende, eu sei. E por hora sinto raiva, muita raiva porque queria que tudo estivesse bem, que tivéssemos conseguido manter a mesma filosofia do início. Isso é uma merda, a tal da lucidez perigosa... o que fazer com ela?! De que é inútil não duvido - mas me faz sentir assim. Toma, fica com ela pra vc e me ouve, me fala! Assim passa mais rápido.
O mais triste é a certeza de que não falarei nem te ouvirei com a devida importância que dissemos ter."
(Person at the window - Dali)
"Você não podia soltá-los em algum lugar (...) ? ”Olhou-me aparvalhado: "Mas onde? Pra quem?" "E como você os matou?" "A pauladas", respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin (???) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las?” (H.Hilst)
